"Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música
não começaria com partituras, notas e pautas.
Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas e lhe contaria
sobre os instrumentos que fazem a música.
Aí, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria
que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas.
Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas ferramentas
para a produção da beleza musical. A experiência da beleza tem de vir antes".Rubem Alves

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

26 DE NOVEMBRO DE 1807 - VIAGEM REAL


A VINDA DA FAMÍLIA REAL PORTUGUESA PARA O BRASIL
















                            A vinda da família real portuguesa para o Brasil

Introdução
A leitura é a essência de toda a formação humana. É através dela que enriquecemos nossos conhecimentos, ampliamos nossa visão de mundo e orientamos nossas atividades. Tendo em vista a importância da leitura para o desenvolvimento intelectual dos indivíduos foi desenvolvido o presente trabalho sobre a Vinda da família real para o Brasil, procurando enfocar os motivos que levaram a essa decisão e relatando as condições da viagem, que viria a ser conhecida como “A maior fuga oceânica da História e o que essa viagem representou para a formação do futuro Brasil.


Legenda: Chegada de D. João VI a Salvador/Óleo sobre tela
Cândido Portinari/ 1952/Coleção Banco BBM S/A
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para a motivação do tema foi utilizado uma imagem da chegada da Família Real ao Rio de Janeiro, para que dessa forma, levasse o aluno a analisar e interpretar a fonte histórica que será utilizada pois de acordo com Maria Auxiliadora Schimidt – “O primeiro passo em sala de aula é fazer o aluno saber identificar o documento que está sendo trabalhado, se é uma fonte primária ou uma fonte secundária, e como ele se apresenta: de forma escrita, oral, iconográfica, material, arqueológica, por exemplo”.

Em seguida aos questionamentos sobre as fontes históricas, passou-se a leitura de diversos documentos históricos, que narram os fatos referentes ao conteúdo, procurando avaliar seus diversos significados , pois, segundo Jacques Le Goff – “O documento é uma coisa que fica, que dura, e o testemunho, o ensinamento (para evocar a etimologia) que ele traz devem ser em primeiro lugar analisados, desmistificando-lhe o seu significado aparente. O documento é monumento. Resulta do esforço das sociedades históricas para impor ao futuro – voluntária ou involuntariamente – determinada imagem de si próprias.”

Os conteúdos e as atividades foram trabalhados partindo da desmistificação dos documentos, para possibilitar ao aluno a formação da consciência histórica procurando fazer vários recortes temporais, e usando diferentes conceitos de documentos, levando a superação da noção de História como verdade absoluta.



A CORTE PORTUGUESA NO BRASIL
Chegada da Família Real portuguesa ao Rio de Janeiro em 7 de Março de 1808,
1999, Óleo sobre tela, 609 x 914 milímetros. Coleção Particular.
DESCRIÇÃO

O quadro representa, no centro, a nau Príncipe Real, onde tinham viajado a Rainha D. Maria I, o Príncipe Regente e os seus dois filhos, os infantes D. Pedro e D. Miguel, e o infante espanhol, D. Pedro Carlos de Bourbon, no momento em que acaba de fundear, usando a sua caranguejola, vendo-se o estandarte real a flutuar no mastro principal. Os pequenos botes ao redor da nau transportam personagens que não quiseram deixar de cumprimentar imediatamente a família real, já que o desembarque só se realizou no dia seguinte. Do lado esquerdo está a nau britânica Marlborough, que se encontrava na baía, a disparar uma salva, com a guarnição colocada nas vergas.

Do lado direito pode ver-se a nau Afonso de Albuquerque, que tinha transportado a princesa Carlota Joaquina e quatro das suas seis filhas, a começar a ferrar as velas preparando-se para entrar no vento e fundear. Atrás está a Medusa, que tinha transportado o ainda secretário de estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, António de Araújo de Azevedo, futuro conde da Barca, e a fragata Urânia, que escoltou o Príncipe Regente durante toda a viagem. Ao lado destas, a nau britânica Bedford, que tinha acompanhado a frota portuguesa desde as Canárias.

Mais à direita, na linha de costa o fumo branco representa a salva do forte de Villegaignon, que já não existe, vendo-se também - da esquerda para a direita - a costa de Niterói, a entrada da baía do Rio de Janeiro e o Pão de Açúcar.

INTERPRETANDO O DOCUMENTO

  1. Que tipo de fonte está sendo usada?
  2. O que esta fonte pode me informar?
  3. Até que ponto posso acreditar nessas informações?
  4. De que outros recursos necessito para complementar ou confirmar o que está sendo apresentado?


SITUAÇÃO DA EUROPA NO MOMENTO DA PARTIDA

Embarque do Príncipe Regente D. João VI para o Brasil : 1808

Embarque de Dom João VI para o Brasil no dia 27 de Novembro de 1807, foto de Mário Novais, Arquivo Municipal de Lisboa, AFML - A10830






Nos primeiros anos dos séculos XIX grande parte da Europa estava sob o domínio de Napoleão Bonaparte, que se tornara imperador francês em 1804. O único obstáculo à consolidação de seu Império na Europa era a Inglaterra, que, favorecida por sua posição insular, por seu poderio econômico e por sua supremacia naval, não conseguiria conquistar. Para tentar dominá-la, Napoleão usou a estratégia do Bloqueio Continental, ou seja, decretou o fechamento dos portos de todos os países europeus ao comércio inglês. Pretendia, dessa forma, enfraquecer a economia inglesa.
Outro grande problema para os planos expansionistas de Napoleão era a posição dúbia do Governo de Portugal, que relutava em aderir ao Bloqueio Continental devido à sua aliança com a Inglaterra, da qual era extremamente dependente. O príncipe D. João, que assumira a regência em 1792, devido ao enlouquecimento de sua mãe, a rainha D. Maria I, estava indeciso quanto à alternativa mais menos danosa para a Monarquia Portuguesa, porém a decisão foi tomada e é o que veremos a seguir.

CONVERSANDO E APRENDENDO
O Bloqueio Continental foi uma estratégia da política externa napoleônica para derrotar um adversário. Você conhece algum país do mundo que adota este mesmo tipo de estratégia, na atualidade?


OS MOTIVOS DA VIAGEM
Desde o final do século XVIII, alguns letrados do Império Português retomavam a idéia, esboçada no século anterior, de mudança da sede da Coroa para a América. Devido à importância econômica das colônias americanas e à insegurança reinante na Europa, eles defendiam uma profunda reforma na estrutura política do império, que culminaria com esse deslocamento geográfico do poder monárquico. Essa teoria porém não é a mais difundida entre os historiadores, a partida da Família Real para o Brasil é narrada por muitos como tendo sido uma fuga súbita e atropelada, mas os acontecimentos narrados a seguir demonstram o contrário e defendem a teoria da fuga planejada.

Ao chegar ao Brasil , a corte portuguesa desembarcou com todo o acervo da Biblioteca Real – origem da atual Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro – devidamente embalado e catalogado, o mesmo acontecendo com obras de arte e documentos do arquivo real. Numa fuga decidida às pressas, ninguém pensaria em cuidar do acervo cultural e artístico com tanto esmero e tantas atenções técnicas. Não foi, portanto, um salve-se quem puder, mas uma alternativa longamente planificada e preparada.

Mesmo assim, os fatos parecem ter-se precipitado, criando, nos últimos dias da permanência da corte em Lisboa, um clima de forte agitação e correria. O embarque da família real é ordenado por D. João VI para o dia 27 de novembro de 1807, pela manhã. Naquele dia, sob os olhares apreensivos da gente comum, nobres desembarcam nos escalares que os levariam aos navios. A frota deveria partir na manhã do dia 28, mas o mau tempo retém os navios no porto por mais 24 horas, enquanto as tropas francesas se aproximavam perigosamente da cidade. Na manhã do dia 29, enfim, “ao nascer do dia”, põem-se em movimento as oito naus de linha, as quatro fragatas e quatro embarcações menores, que levavam a corte e mais uns quarenta navios mercantes, onde viajava a elite econômica e social de Portugal. No total, mais de 15 mil pessoas, numa das maiores fugas oceânicas de que se tem notícia, partiram para o Brasil com todos os tesouros do reino, deixando nos cofres públicos apenas os títulos de dívidas.

A fuga mudaria a história do Brasil. A Colônia, promovida de um momento para o outro na capital de um império ultramarino, jamais seria a mesma.
A ARMADA

A armada que levou a Corte para o Brasil incluía vários tipos de navios: naus, brigues, fragatas, escunas, bergantins e corvetas. Alguns eram enormes, bem armados de canhões, capazes de transportar muitos passageiros e grandes quantidades de carga.
Outros eram mais pequenos e mais velozes. Além dos navios ao serviço da Corte, foram para o Brasil mais quarenta alugados por particulares que se meteram ao caminho à sua própria custa. Uma esquadrilha de quatro navios ingleses acompanhou a armada para dar apoio em caso de ataque no mar alto. O comandante da armada era Manuel da Cunha Sotomaior. Para se ter noção da grandiosidade da viagem, veja a seguir a descrição das naus que trouxeram a família real portuguesa para o Brasil.
_Naus:
* Rainha de Portugal (74 canhões)
Nesta nau viajou D. Carlota Joaquina com alguns dos filhos mais novos.

*D. João de Castro (64 canhões)
Nesta nau viajou o Duque do Cadaval, o Conde de Belmonte e o Conde de Redondo.

*Príncipe Real (80 canhões)
Nesta nau viajou a rainha D. Maria I, o Príncipe Regente e o filho mais velho, D. Pedro.

*Princesa do Brasil (74 canhões)
Nesta nau viajaram as irmãs da rainha e duas princesinhas.

*Conde D. Henrique (74 canhões), Martim de Freitas (64 canhões), Afonso de Albuquerque (64 canhões)

*Fragatas: Medusa (74 canhões) - Minerva (44 canhões) - Jutra (32 canhões )- Golfinho (36 canhões)
*Brigues: Voador (22 canhões) - Vingança (20 canhões)

*Escunas: a Curiosa e Bergantins o Três Corações


PREPARATIVOS NO RIO DE JANEIRO

No Brasil o representante do rei de Portugal tinha o título de vice-rei. Na época o vice-rei era o Conde dos Arcos, que deu voltas à cabeça para organizar uma recepção devidamente animada e elegante e para preparar alojamentos onde instalar tanta gente. Em 1808 viviam na cidade do Rio de Janeiro cerca de 60.000 pessoas. Chegarem mais 15.000 de um dia para o outro era uma espécie de avalanche, uma "avalanche humana". Mas o Conde de Arcos não se atrapalhava com facilidade. Começou por despejar o Palácio dos vice-reis(1) e mandou limpar tudo muito bem para poder funcionar como residência real. Como este Palácio não tinha capela e ele sabia que as pessoas da Corte estavam habituadas a capela privativa, chamou carpinteiros e ordenou-lhes que construíssem rapidamente uma ponte de madeira ligando diretamente o Palácio à Igreja do Carmo, que ficava ao lado.
Quanto a estas medidas, todos concordavam, pois eram prédios públicos. Mas, como ele requisitou algumas habitações particulares para alojar gente da Corte, houve proprietários que ficaram revoltados com o abuso. No entanto, a maioria da população estava delirante. Nunca uma família real europeia pisara terras da América do Sul. Receber reis, rainhas, príncipes e princesas fazia as pessoas sentirem-se como personagens de contos de fadas. E a alegria natural dos habitantes do Brasil transformou logo os preparativos em grande festa.

Consta que D. João sorria e acenava feliz por se ver tão acarinhado. E que D. Carlota Joaquina chorava, talvez de comoção. Ninguém reparou especialmente nas reações do pequeno príncipe D. Pedro. Com nove anos, perante um ambiente colorido, barulhento, festivo, só podia estar maravilhado. Não podia era adivinhar que o destino tinha planos para entrelaçar a sua vida com o futuro daquela terra e daquela gente…


UMA ENTRADA TRIUNFAL

A armada reunira-se de novo e ancorara em frente ao Pão de Açúcar. Impossível descrever a euforia a bordo e em terra. Toda a gente ansiava pelo momento em que os canhões dariam sinal de desembarque. E isso aconteceu pelas quatro horas da tarde do dia 4 de Março de 1808. Ao primeiro "Boum", D. João desceu para um bergantim seguido da mulher e dos filhos. Enquanto os remadores faziam avançar a embarcação para o cais, os canhões atroaram os ares com salvas de boas vindas, repicaram em simultâneo os sinos de todas as igrejas, estalaram foguetes, bandas de música puseram-se a tocar, as pessoas davam vivas no maior entusiasmo. Guardas de honra formavam alas desde o cais à Igreja do Rosário onde estava tudo preparado para uma cerimônia religiosa destinada a dar graças a Deus pelo sucesso da viagem.D. João, D. Carlota Joaquina e os principezinhos seguiram em cortejo pelas ruas atapetadas de folhagens. As janelas das casas em redor tinham sido enfeitadas com grinaldas de flores, colchas de seda encarnadas e azuis. E as famílias vestidas com as melhores roupas e ostentando as melhores jóias debruçavam-se nas janelas a aplaudir.

RESIDÊNCIAS REAIS

Quinta da Boa Vista_ Rio de Janeiro


The National Museum of Quinta da Boa Vista, São Cristóvão. In the palace born Dom Pedro II and P

A família real, além do Palácio dos vice-reis que pertencia à coroa e foi posto à sua disposição, recebeu de presente uma quinta magnífica - A Quinta da Boa Vista em S. Cristóvão -, oferecida por um colono rico e amável. Essa quinta tornou-se a residência preferida de todos. Atualmente o Palácio de S. Cristóvão é o Museu de História Natural e Etnologia. A Quinta é um parque onde há plantas de todo o mundo.
D. JOÃO VI NO RIO DE JANEIRO

Com a chegada de D. João VI, o Rio de Janeiro entrou em ebulição. Várias transformações marcaram o cenário político-social da cidade: o Decreto da Abertura dos Portos às Nações Amigas transformou o porto do Rio num importante centro financeiro-comercial; o crescimento populacional foi outro fator marcante, devido ao grande número de nobres e funcionários da corte portuguesa que formavam a comitiva do rei; a criação do Banco do Brasil e de novas instituições administrativas, trazendo para o Rio de Janeiro os ares da metrópole. Os hábitos culturais se modificaram, pois fazia-se necessário satisfazer a demanda de uma aristocracia que valorizava a cultura européia.

D. João VI encontrou uma cidade pobre, sem planejamento urbano e saneamento básico, com ruas estreitas, sujas e apinhadas de escravos, ambulantes e "bugres", escravos responsáveis pelo despejo de dejetos na baía. O Paço Imperial, residência oficial do Vice-Rei, possuía uma arquitetura pobre, sem adornos, ainda no estilo colonial "porta e janela", sem mobiliário adequado para receber um monarca e, sobretudo, muito pequeno para abrigar a comitiva rea. Outras residências serviram de abrigo para a corte: o Convento das Carmelitas, onde ficou D. Maria I; a Casa do Trem (atual Museu Histórico Nacional); o prédio da Cadeia, vizinho do Paço, que virou residência de aristocratas. Não satisfeito, D. João decretou que as melhores casas da cidade fossem cedidas para os nobres que ainda não tinham moradia. Cada casa escolhida pelos oficiais do rei deveria ser desocupada imediatamente, sendo a porta carimbada com as iniciais P.R. (Príncipe Regente), que, no humor nativo, logo se transformou em "Ponha-se na Rua".

Durante os treze anos de sua estadia no Brasil o regente português criou várias instituições culturais, como a Biblioteca Nacional, o Jardim Botânico, o Real Gabinete Português de Leitura, o Teatro São João (atual Teatro João Caetano), a Gazeta do Rio de Janeiro (sob censura régia), a Imprensa Nacional, o Museu Nacional, a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios. Outras medidas que deram grande impulso à cultura foram a reorganização da Capela Real e a vinda da Missão Artística Francesa (1816), que trouxe ao Brasil nomes como Joachim Lebreton (pintor), Nicolay Antoine Taunay (pintor), Auguste Marie Taunay (escultor), Jean-Baptiste Debret (pintor), Augusto Henrique Vitório Grandjean de Montigny (arquiteto), Sigismund Neukomm (compositor, organista e mestre-de-capela).
A vinda da família real portuguesa para o Brasil foi decisiva para a consolidação do país como nação independente, pois após o retorno da corte para Portugal a colônia agora já contava com uma estrutura de capital e com um principe regente, D. Pedro I, que anos mais tarde Proclamaria a Independência do Brasil.

    ORGANIZANDO O CONHECIMENTO

1) Que evidências históricas são utilizadas para justificar a fuga da Família Real para o Brasil como tendo sido planejada?
2) Explique as conseqüências das guerras napoleônicas em relação a Portugal e Brasil.


QUEM VIVEU CONTA A HISTÓRIA
* Faça uma pesquisa de imagens sobre o Brasil, feitas por artistas estrangeiros como Debret, Thomas Ender, Taunay, August Earle, Rugendas, Martius e Spix. Anote suas conclusões a respeito da sociedade e da paisagem brasileira no início do século XIX.

PARA SABER MAIS
*Leituras
TUFANO, Douglas. Jean-Baptiste Debret. São Paulo:Moderna, 2000. Livro com farta iconografia de Debret, destacando a biografia do artista. Escrito em linguagem simples e acessível, voltada principalmente para o público infantil.

JAF, Ivan. A Corte Portuguesa no Rio de Janeiro. São Paulo: Ática, 2001. (Col. História do Brasil através dos Viajantes). Adaptação do relato de John Luccock, um comerciante inglês que chegou ao Rio de Janeiro no período joanino.

* Filme
Carlota Joaquina, princesa do Brasil. Direção: Carla Camurati. Brasil, 1995, 100 min. De maneira bem-humorada, o filme conta a vinda de D. João e sua esposa Carlota Joaquina para o Rio de Janeiro, onde permaneceram por treze anos.

*Site
Um francês na corte do Brasil
www.estadao.com.br/ext/debret/catalogo.htm
O endereço acima, leva a um interessante catálogo virtual de imagens produzidas por Debret durante a permanência da família real portuguesa no Brasil.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BRAICK, Patrícia R, e MOTA, Myriam B.
História das cavernas ao terceiro milênio. São Paulo: Moderna, 2006

MELLO, Leonel Itaussu de A. e COSTA, Luís César Amad. História – Construindo Consciências. São Paulo: Editora Scipione, 2007.

Paraná Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica do Estado do Paraná. Curitiba SEED, 2006

SCHIMIDT, Maria Auxiliadora. As fontes históricas e o ensino da História. São Paulo: Scipione, 2004

LEGOFF, Jacques. História e memória. São Paulo: Editora da UNICAMP, 2003

SITES VISITADOS
http://www.arquenet.pt/portal/imagemsemanal/novembro0203.html
http://www.contelar.com.br/revista/edicao44/fuga1.htm.
http://www.passeiweb.com/saiba_mais/fatos_historicos/brasil_america/vinda_da_familia_real

terça-feira, 20 de novembro de 2012

A AFRICANIDADE DE CARYBÉ




Carybé (Hector Julio Páride Bernabó) - A arte e a paixão pela Bahia

Hector Julio Páride Bernabó - conhecido por CARYBÉ.
(1911 Lanus-Argentina - 1997 Salvador-Bahia).
Internacionalmente conhecido como Carybé, o pintor, ilustrador, desenhista, ceramista, escultor, pesquisador, historiador e jornalista Hector Julio Paride Bernabó é um dos principais artistas plásticos do século 20. Depois de morar em Gênova, Roma, Rio de Janeiro e em cidades de outros países, mudou-se em 1950 definitivamente para Salvador, onde ficou até sua morte, durante uma cerimônia no terreiro de candomblé Ilê Axé Opô Afonjá, em 1° de outubro de 1997.
Carybé.
Nasceu a 7 de fevereiro de 1911, num dia de chuva miúda e tão perto da meia-noite que não se sabe ao certo se nasci no dia que nasci ou no anterior”. Nasceu em Lanus, “espécie de subúrbio de Buenos Aires que tem o Riachuelo no meio: aquele mesmo rio da famosa batalha separa Buenos Aires de Lanus, dormitório de pistoleiros e guardacostas de políticos."
Pai cigano, não de galera e bastão, de alma, andou pela Argentina, Venezuela, Itália, Brasil. Carybé tinha seis meses quando a família foi para a Itália, onde ficaram nove anos. Em 1920 passaram a viver no Rio, em Bonsucesso. “Como estudante sempre fui ruim e tomei carinho às arvores, campinas, às praias, ao sol e à vagabundagem.” Quando ele completou 19 anos, retornaram à Argentina para ficar. Fala as três línguas de infância sem sotaque.
Aprendeu a desenhar em casa, vendo os irmãos mais velhos Arnaldo e Roberto que eram desenhistas, pintavam, esculpiam e trabalhavam em publicidade. Aos 21 anos Carybé começou a desenhar. Fazia cartuns, charges, ilustrações e escrevia - texto conciso, exato e bem humorado - tendo colaborado com diversos jornais e revistas de Buenos Aires e do Rio. “No inicio tinha um desenho comum, sem nada de especial. Como acho que todo mundo faz no começo de carreira, tive influência de outro artista: fiz desenho à moda de Grosz (famoso artista gráfico alemão radicado em Buenos Aires, dono de um desenho cáustico e irônico), que mudou-se para Nova York e foi absorvido pela ‘jungle’, nunca mais fez nada. Comi e digeri Grosz. Dele saí eu, como, não sei." Mas olhando um desenho de Carybé daquela época e comparando-o ao de Grosz, vemos que o único ponto em comum é o olho para o detalhe. Naqueles primeiros desenhos já se percebia a marca pessoal do seu estilo.
De cartunista resolveu passar às tintas e pincéis e em 1936 fez sua primeira exposição. Senhor de muitas andanças e vivências, fez de quase tudo, foi inclusive estivador e pandeirista no grupo que acompanhava Carmem Miranda, fato que seu amigo e colega Mirabeau Sampaio sempre pôs em dúvida.
Em 1938, é enviado a Salvador pelo jornal “Prégon” quando declarou: “me deram o melhor emprego do mundo – viajar e mandar desenhos. Mas quando cheguei a Salvador, o diário tinha falido”, acaba ficando desempregado e faz uma viagem por todo o litoral norte do Brasil. Nesta época começou a registrar a cultura local através de sua arte: a capoeira, o candomblé. Voltou para Buenos Aires e em 1939, fez sua primeira exposição coletiva, com o artista Clemente Moreau, no Museu Municipal de Belas Artes de Buenos Aires. No início dos anos 40 viajou pela América Latina, e passou alguns anos em Buenos Aires, onde trabalhou em jornais, como ilustrador de livros e traduziu o livro Macunaíma, de Mário de Andrade, para o espanhol. Em 1943 fez sua primeira exposição individual e ilustrou o livro "Macumba, Relatos de la Tierra Verde", de Bernardo Kordan.
No Rio de Janeiro, ajuda a fundar o jornal Diário Carioca, em 1946. Em 1949 é convidado por Carlos Lacerda a trabalhar em seu jornal, a Tribuna da Imprensa, onde fica até 1950.
Roda de Samba, de Carybé.
Convidado pelo Secretário da Educação Anísio Teixeira, Carybé muda-se definitivamente para a Bahia, onde batalha pela renovação das artes plásticas, ao lado de outros artistas, como Mário Cravo Júnior, Genaro de Carvalho e Jenner Augusto.
Em 1957 naturalizou-se brasileiro, e é considerado um ícone de “baianidade”. Entre seus diversos amigos estava o escritor Jorge Amado, que escreveu O Capeta Carybé, onde define o amigo como alguém que “é todo feito de enganos, confusões, histórias absurdas, aparentes contradições, e ao mesmo tempo é a própria simplicidade (...)”.
A arte de Carybé foi por vezes um expressionismo marcante, com um sentimento carregado em cores escuras. Mas o que marcou presença foi o retrato de um povo, sua religião e seus costumes, passados por vezes de maneira surreal. Ao retratar o povo, Carybé não estava fazendo uma pintura de cunho social, não acreditava neste poder da arte. O que ele queria, e conseguiu, era passar para a tela seu testemunho de uma cultura rica em detalhes, e da qual ele fez questão de se aproximar.
Há uma história curiosa por trás do nome pelo qual o argentino Hector passou a ser conhecido. O artista pensava que seu apelido era derivado do nome de um pássaro pertencente à fauna brasileira e foi o amigo Rubem Braga quem esclareceu o mal entendido: Carybé é o nome de um mingau dado às mulheres que acabaram de parir. Com bom humor ele apenas disse: “que bom, eu adoro mingau.”
Carybé fez diversas ilustrações de livros para diversos autores da literatura, entre eles, Jorge Amado, Rubem Braga, Mário de Andrade e Gabriel García Marquez, além de ilustrar livros de sua autoria e co-autoria, como Olha o Boi e Bahia, Boa Terra Bahia, com Jorge Amado. Em 1981, após 30 anos de pesquisa, publica a Iconografia dos Deuses Africanos no Candomblé da Bahia.
Carybé morreu em 1997, na cidade de Salvador.

"O feitiço da Bahia começa pela cozinha. Você só se alimenta de comidas sagradas."
- Carybé, em entrevista a Clarice Lispector.
Capoeira na praia, de Carybé.
"exemplo notável em sua arte, que recria a realidade do país e da vida popular que ele conhece como poucos, por tê-la vivido como ninguém." 
- Jorge Amado.

Cotidiano, de Carybé.

"São aguadeiros, lavadeiras com trouxas, homens
e mulheres com balaios e tabuleiros, flores, cestos, latas
d'água, tijolos, frutas, animais, moringas, madeira, caixas
e caixotes, barris, até caixões de defunto. Aqui, tudo
nessa vida se carrega na cabeça!"
- Carybé.


Carybé e Nancy.
"Ele sempre estava dizendo aos quatro ventos que era 'barriga de pobre', portanto gostava de tudo. Tudo, menos jenipapo. Do licor, então, nem se fala...tinha verdadeiro horror."
- Nancy, companheira de vida.

Baianas, Carybé.
DEVOÇÃO A RELIGIOSIDADE AFRO-BRASILEIRA
"sou amoroso e devoto da religiosidade afro-brasileira, de seus deuses modestos e humanos, que hoje se defrontam com estes deuses contemporâneos, terríveis e vorazes, que são a tecnologia e a ciência."

Mãe Senhora [Maria Bibiana do Espirito Santo] e Carybé.

Iansan, de Carybé.

CARYBÉ, PIERRE VERGER E CAYMMI
Ilustrações do livro Carybé, Verger e Caymmi - Mar da Bahia.

Ilustrações do livro Carybé e Verger - Gente da Bahia.

Ilustrações do livro Carybé e Verger - Gente da Bahia.

Carybé, pintando o painel no Memorial da América Latina em São Paulo,
produzido na década de 1980. Foto: Acervo da família.
fonte:www.elfikurten.com.br

20 DE NOVEMBRO - DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA




20 DE NOVEMBRO - DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA - EM HOMENAGEM A ZUMBI DOS PALMARES.

Zumbi foi o grande líder do quilombo dos Palmares, respeitado herói da resistência antiescravagista. Pesquisas e estudos indicam que nasceu em 1655, sendo descendente de guerreiros angolanos. Em um dos povoados do quilombo, foi capturado quando
garoto por soldados e entregue ao padre Antonio Melo, de Porto Calvo. Cri
ado e educado por este padre, o futuro líder do Quilombo dos Palmares já tinha apreciável noção de Português e Latim aos 12 anos de idade, sendo batizado com o nome de Francisco. Padre Antônio Melo escreveu várias cartas a um amigo, exaltando a inteligência de Zumbi (Francisco). Em 1670, com quinze anos, Zumbi fugiu e voltou para o Quilombo. Tornou-se um dos líderes mais famosos de Palmares. "Zumbi" significa: a força do espírito presente. Baluarte da luta negra contra a escravidão, Zumbi foi o último chefe do Quilombo dos Palmares.

O nome Palmares foi dado pelos portugueses, em razão do grande número de palmeiras encontradas na região da Serra da Barriga, ao sul da capitania de Pernambuco, hoje, estado de Alagoas. Os que lá viviam chamavam o quilombo de Angola Janga (Angola Pequena). Palmares constituiu-se como abrigo não só de negros, mas também de brancos pobres, índios e mestiços extorquidos pelo colonizador. Os quilombos, que na língua banto significam "povoação", funcionavam como núcleos habitacionais e comerciais, além de local de resistência à escravidão, já que abrigavam escravos fugidos de fazendas. No Brasil, o mais famoso deles foi Palmares.

O Quilombo dos Palmares existiu por um período de quase cem anos, entre 1600 e 1695. No Quilombo de Palmares (o maior em extensão), viviam cerca de vinte mil habitantes. Nos engenhos e senzalas, Palmares era parecido com a Terra Prometida, e Zumbi, era tido como eterno e imortal, e era reconhecido como um protetor leal e corajoso. Zumbi era um extraordinário e talentoso dirigente militar. Explorava com inteligência as peculiaridades da região. No Quilombo de Palmares plantavam-se frutas, milho, mandioca, feijão, cana, legumes, batatas. Em meados do século XVII, calculavam-se cerca de onze povoados. A capital era Macaco, na Serra da Barriga.

A Domingos Jorge Velho, um bandeirante paulista, vulto de triste lembrança da história do Brasil, foi atribuído a tarefa de destruir Palmares. Para o domínio colonial, aniquilar Palmares era mais que um imperativo atribuído, era uma questão de honra. Em 1694, com uma legião de 9.000 homens, armados com canhões, Domingos Jorge Velho começou a empreitada que levaria à derrota de Macaco, principal povoado de Palmares. Segundo Paiva de Oliveira, Zumbi foi localizado no dia 20 de novembro de 1695, vítima da traição de Antônio Soares. “O corpo perfurado por balas e punhaladas foi levado a Porto Calvo. A sua cabeça foi decepada e remetida para Recife onde, foi coberta por sal fino e espetada em um poste até ser consumida pelo tempo”.

O Quilombo dos Palmares foi defendido no século XVII durante anos por Zumbi contra as expedições militares que pretendiam trazer os negros fugidos novamente para a escravidão. O Dia da Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro no Brasil e é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. A data foi escolhida por coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695.

A lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, incluiu o dia 20 de novembro no calendário escolar, data em que comemoramos o Dia Nacional da Consciência Negra. A mesma lei também tornou obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. Nas escolas as aulas sobre os temas: História da África e dos africanos, luta dos negros no Brasil, cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, propiciarão o resgate das contribuições dos povos negros nas áreas social, econômica e política ao longo da história do país.

Amélia Hamze
Profª da FEB/CETEC
ISEB/FISO-Barretos
ahamze@uol.com.br

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

DESASTRE DE CHERNOBYL


O desastre de Chernobyl


Chernobyl é uma cidade ao norte da atual Ucrânia. Na década de 70, quando a região ainda era controlada pela União Soviética, o governo comunista construiu um complexo de geração de energia nuclear a 20 km do centro urbano

Mais próximo ao complexo, estava a cidade de Pripyat; ela abrigava a maioria dos sete mil trabalhadores de Chernobyl e estava a 3km da usina.

Na noite do 25 de abril de  1986, cento e setenta e seis funcionários foram autorizados a realizar um teste no reator 4, onde tudo começou a dar errado. Houve uma série de explosões no núcleo do reator e o piso da usina começou a tremer. Em seguida houve uma grande explosão que vaporizou a cobertura de concreto que pesava 1200 toneladas. Direto do núcleo do reator, uma coluna de vapor carregado de partículas radioativas subiu a 1km de altura.

As primeiras guarnições de bombeiros começaram a chegar para tentar controlar o incêndio, mas o fogo estranho parecia não apagar com nada. 2 bombeiros morreram naquela noite e mais 28 morreram alguns meses depois. Foram 7 meses numa luta difícil e perigosa contra um inimigo invisível. 500 mil homens foram envolvidos num esforço para evitar uma segunda explosão, que tornaria lenda metade do continente europeu.

As informações eram escassas. Não se tinha notícia de vazamento de material radioativo. Falava-se em acidente e incêndio, não sobre explosões.

Naquela época, a radioatividade era medida em roentgens. O nível normal atmosférico é de 12 milionésimos de roentgen. Em Pripyat, na tarde do dia 26, as leituras indicavam mais de 200 mil milionésimos de roentgen; em outras palavras, 15 mil vezes acima do nível normal. Naquela noite o nível chegaria a 600 mil vezes acima do normal.

O reator continuava em chamas, espalhando radioatividade em um nível cada vez maior, até que nuvens radioativas chegaram à Suécia, que entrou em contato com o governo soviético. Só então que o país  tomou conhecimento do vazamento. A população de Pripyat só foi evacuada no dia 27, em 1000 ônibus levando os 43.000 habitantes. Controlaram o incêndio e diminuiram a temperatura dentro do reator, a fim de evitar a grande explosão e parar a emissão de partículas. Jogaram terra e em seguida chumbo, o que causou outro problema de contaminação. Não havia muito o que fazer. Limparam o teto e a base da usina e em seguida construíram um sarcófago para blindar completamente o setor quatro.

Dos 500 mil recrutados para a operação, 20 mil já morreram e 200 mil estão oficialmente deficientes.



Para reduzir os estragos, o governo soviético multiplicou por 5 o nível seguro de absorção de radiação. O que causou a "cura" imediata de milhares de pessoas.

Em dezembro do mesmo ano, houve uma conferência mundial para discutir as consequências do desastre. O encarregado soviético, Legasov, falou por 3 horas e estimou que 40 mil pessoas foram afetadas fatalmente. Mas a comunidade internacional rejeitou os números e fixou 4 mil mortes. Legasov, que sempre tentou mostrar a verdadeira dimensão do desastre ao mundo, suicidou-se em 1988

Pripyat hoje é uma cidade-fantasma. Para limpar aquela região, seria necessário remover 20cm de terra de toda a área, enterrá-la e lacrá-la.

O acidente em Chernobyl serviu para lembrar aos governos da lição quase esquecida de Hiroxima e Nagasaki.


"O nosso míssil mais potente era o SS-18, que tinha o poder de 100 chernobyls e nós tínhamos 2700 deles. Imagine a destruição. E o que nós devemos fazer? Esperar a volta de Jesus Cristo? Quanto tempo isso vai levar? Precisamos criar centros tecnológicos mundiais que tornem a manipulação de material radioativo mais segura, fazer tratados honestos e evitar mais sujeira"
Mikhail Gorbachov 

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

REVOLUÇÃO FARROUPILHA




PARTICIPE DA REVOLUÇÃO FARROUPILHA NO JOGO "O COMBATE DO BARRO VERMELHO"




Um game temático lançado hoje por zerohora.com levará internautas a voltarem no tempo e lutarem em um dos mais acirrados combates da Revolução Farroupilha (1835-1845). Inspirado em confronto ocorrido na cidade de Rio Pardo — na época, uma vila — em 1838, o jogo "O Combate do Barro Vermelho" permitirá aos participantes repetirem a vitória histórica dos farroupilhas, ou mudarem o resultado do confronto, dando a vitória aos imperiais.
O objetivo do jogo é conquistar a vila de Rio Pardo enviando combatentes em direção à base adversária. É possível enviar seis tipos de tropas: canhões, infantaria, artilharia, cavalaria, homens com a bandeira e até uma banda musical. Cada uma das tropas possui diferentes níveis de velocidade, resistência e poderes de ataque, defesa e alcance.
Para vencer o combate, o jogador terá que elevar o nível de moral do seu exército, que é o segredo para dominar o território inimigo. Por isso, a dica é ter o máximo de tropas que formem a banda musical.
>> Escolha suas armas e avance nesta luta:








Fonte: http://wp.clicrbs.com.br/canaldosgames/2011/09/08/participe-da-revolucao-farroupilha-no-jogo-o-combate-do-barro-vermelho/?topo=2,1,1,,,77


http://www.clicrbs.com.br/swf/game_farroupilha/index.html